quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Lia Tricoli, aluna do Garatuja, ganha primeiro lugar no Salãozinho de Humor de Piracicaba.

Lia Tricoli - Primeiro lugar
Pelo terceiro ano consecutivo o Garatuja preparou seus alunos para participar do Salãozinho de Humor de Piracicaba. O trabalho desenvolvido por Márcio Zago, coordenador de artes visuais do Garatuja e entusiasta da linguagem do humor, acontece sempre com alguns meses de antecedência. A caricatura é uma linguagem específica dentro da enorme gama de possibilidades expressivas do desenho gráfico, exigindo um olhar especial do artista antes de começar a desenhar... Talvez seja a linguagens que mais exija uma racionalização para o trabalho. Daí a facilidade que alguns alunos encontrem para produzir trabalhos de qualidade. O Salãozinho é realizado anualmente nos mesmos moldes do Salão Internacional de Humor de Piracicaba e destina-se a estudantes de escolas públicas e privadas, procurando incentivar novos talentos à prática artística e ao desenvolvimento da leitura sob a ótica do humor. O Salãozinho sempre acontece paralelo ao Salão oficial e nessa 11 edição contou com a inscrição de  2.514 desenhos, de várias cidades do Brasil e até da Argentina, selecionados por Amauri Ribeiro, Igor Bragaia, Maria Luziano e Daniel Ponciano, que integraram o júri de premiação e seleção. Desse total foram escolhidos 232 trabalhos entre caricaturas, charges, histórias em quadrinhos e cartuns. Lia Tricoli, de 12 anos,ganhou primeiro lugar na categoria 11 a 14 anos com versão do cantor Pe Lanza, da banda Restart. Para a júri Maria Luziano, a caricatura de Pe Lanza se destacou pela inovação. "Foi um dos trabalhos mais completos, unindo criatividade e qualidade técnica.". A cerimônia de premiação aconteceu dia 29 de setembro de 2013, no Teatro Municipal Erotides de Campos, no Engenho Central - Piracicaba SP.

Arthur Abade - Menção Honrosa
Além da Lia Tricoli, outro aluno do Garatuja também foi premiado com Menção Honrosa, o aluno Arthur Abade, de 8 anos, autor da caricatura do Seu Madruga. A aluna Valentini Gutierrez de Andrade, de 11 anos, também foi selecionada com dois trabalhos, fato bastante significativo em vista a enorme dificuldade em ser aprovado numa seleção tão competitiva. Alunos do Garatuja já haviam sido premiados em anos anteriores. Em 2011 foi a vez do Davi Veroneze ganhar segundo lugar na categoria 11 a 14 anos com a caricatura do cantor Tiririca. No ano seguinte, 2012, a própria Lia Tricoli ganhou terceiro lugar na categoria 7 a 10 anos, com sua versão da Chiquinha. O Garatuja sente-se feliz em ver os frutos do trabalho serem reconhecidos pelos maiores profissionais da área de humor no Brasil, envolvidos na realização do Salão de Humor de Piracicaba. O mais antigo, conceituado e reconhecido espaço de expressão gráfica de humor existente no mundo. Para saber mais click aquiaquiaquiaquiaqui, ou ainda aqui




































A esquerda Márcio Zago. Ao lado o Presidente do
Salão Internacional de Humor Adolpho Queiroz 

e os premiados Lia Tricoli e Arthur Abade.






















Na foto de cima os pais da Lia Tricoli. Na outra foto, na segunda fila, os pais do Arthur.


































Lia - Caricatura premiada de Pe Lanza, ao lado Amy Winehouse.

Arthur Abade - Menção honrosa para Seu Madruga. Alo lado o Kiko.

Da Valentini Gutierrez o Silvio Santos e o Sergio Malandro.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Caneta Bic 3

Ben Turpin, caricatura de 2003



Na década de setenta eu assistia na televisão uma série humorística chamada Comedy Capers. A série, que no Brasil levou o nome de Reis do Riso, era formada por trechos, ou curtas metragens da década de 20 a 40 produzidas por Mark Sennett na chamada “era silenciosa” do cinema. Havia alguns comediantes bem conhecidos como Stan Laurel e Oliver Hardy, da dupla O Gordo e o Magro. Eu adorava e não perdia um...mas torcia pra aparecer filmes com um bigodudo vesgo que achava muito engraçado. A lembrança desse período foi sumindo da minha vida, aos poucos, permanecendo empoeirada num canto qualquer. Um dia me deparei com a foto dele ao folhear revistas num consultório, e veio tudo novamente, como se abrisse um velho baú: sons, sensações, cheiros...Voltei pra casa e fiz o desenho acima. Com ele, e outras quatro caricaturas, participei de Festival de Sant-Just le Martel, em 2004. Essas caricaturas fazem parte do acervo permanente do festival. Abaixo Ben Turpin.



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Humor Infantil 2
























Mais dois desenhos de humor feitos por crianças. Em sua casa, Arthur lê e desenha história em quadrinhos com frequência. De maneira intuitiva já traz o domínio da linguagem. A novidade foi aprender como, e qual a razão, de se fazer um roteiro. Esse tipo de informação só é repassado quando sinto que há espaço e disposição por parte da criança... e no caso do Arthur acertei em cheio. Não é muito comum uma criança de oito anos demonstrar interesse por isso, uma vez que o roteiro é a racionalização do quê e como desenhar uma história em quadrinhos. Dependendo da criança isso pode ser um desastre. Com um jornal na mão aproveitei para mostrar a diferença entre tira (geralmente com dois, três ou quatro quadrinhos), e a história em quadrinhos propriamente dita e suas narrativas mais longas.Talvez estimulado pelo jornal que mostrei, com tiras cômicas do Laerte, Angeli, Caco Galhardo e outros, a historinha inventada pelo Arthur também acabou sendo de humor: Dois meninos. Um fotografando e o outro sendo fotografado. O fotógrafo diz:
- Olha o passarinho!!!
Por trás vem uma enorme águia e carrega o modelo. O fotógrafo diz:
- Eu avisei !
O roteirinho surgiu de pronto, depois de descartar outra ideia que era de fazer um garoto que encontrou um abacaxi na rua e vestiu na cabeça, como uma coroa. Andando pela rua cruzou com outro garoto que vinha comendo um abacaxi. Os dois pararam, frente a frente, e ficaram com cara de dúvida. Nas duas historinhas já surge um elemento primordial pra se fazer rir: a reversão de expectativa. Essa “sabedoria” é outro elemento que o Arthur já traz com ele, é daquelas coisas que não se aprende na escola...
O outro aluno é o Bernardo, de sete anos. Ele está em sua terceira aula aqui no Garatuja. Ainda não conheço bem seu potencial e suas limitações em relação ao desenho. Isso é um dado fundamental: conhecer a criança e saber lidar com esses limites. O aprendizado, e mesmo o aprimoramento gráfico vem dessa informação. Conhecendo melhor cada criança sei perfeitamente quando “cobrar” um capricho maior, ou mesmo quando deixar totalmente solto em sua criação, interferindo o menos possível. Aqui cabe uma observação. Em geral a segunda opção é sempre a mais acertada, e nesse caso sou eu que aprendo com a criança. Foi o caso do desenho do Bernardo. Como eles fazem aula juntos, tudo o que passei pro Arthur serviu pro Bernardo. A explicação sobre como fazer um roteiro ele ouviu com atenção e logo inventou sua história. A primeira ideia era alguma coisa relativa a uma mulher gorda e situações com forte teor de violência. Com jeito fui levando o Bernardo a refletir sobre sua história e o que aquilo representava. Será que uma mulher gorda iria gostar daquela história? E todas aquelas lutas e sangue? Será que não dói quando sai sangue de alguém? Claro que, para a criança, toda essa informação é lúdica e elas não possuem a mesma intenção do adulto. Acho mesmo que, às vezes, é necessário deixar a criança se expressar dessa forma, mas nesse caso a reflexão foi importante e a mulher gorda da história virou uma mulher comum que entrou num restaurante e pediu trinta garrafas de coca cola de um litro. Depois de beber tudo ficou barriguda e encontrou com outra mulher que olhando pra sua barriga perguntou:
- É bebê?
E a mulher respondeu:
- Não, eu bebi!
Para qualquer adulto essa historinha acabaria por aí, mas para o Bernardo o último quadrinho era o mais importante. Nele a mulher ficava entalada numa porta dizendo:
- Não consigo! (passar pela porta).
Digo que aprendi com o Bernardo porque ele me lembrou, em primeiro lugar, que o ato de desenhar tem de ser uma grande diversão, sempre, tanto pra criança como para o adulto, e isso ficou muito claro observando seu sorriso enquanto desenhava a “carona” enorme e o umbigo de fora da mulher barriguda. Outra coisa foi perceber que a criança já traz, intuitivamente, elementos estéticos que julgava fruto da elaboração do adulto. Como por exemplo, a sacada do Bernardo em utilizar os próprios limites do quadrinho para expressar a imagem da mulher entalada na porta, no melhor estilo Pat Sullivan, desenhista do Gato Felix e referência quando o assunto é a metalinguagem nos quadrinhos. E por fim um reconhecimento a sua inteligência: uma mulher entalada numa porta é realmente muito mais engraçado que uma mulher barriguda ser confundida com mulher grávida.


terça-feira, 16 de julho de 2013

Caneta Bic 2

Essa caricatura é uma brincadeira que fiz em 2005 usando caneta bic preta. Ficou uma figura meio andrógino, mas gostei de desenhar...com ela participei do CaricaTour - Il giro del mondo in caricatura, exposição virtual realizado em 2008 e organizado pelo site italiano Fanofunny. Do Brasil participaram Amorim, Biratan Porto, João Bosco e outros, além de caricaturistas de várias partes do mundo como: Irã, Argentina, Argélia, Itália, Turquia, Romênia, Polônia, Sérvia, Colômbia, Índia, Croácia, Russia, etc.

O Führer por Márcio Zago.


terça-feira, 9 de julho de 2013

Sessão Clone 2

Outra brincadeira publicada no Boletim do Garatuja de 2005. Como disse anteriormente, eu pegava  a piada de algum humorista conhecido, no caso o Péricles, e recriava uma gracinha qualquer em cima dela, claro que adaptando ao contexto local. Acho desnecessário explicar o porque dessa ironia.  Segue o texto, o cartoon original e a cópia clonada:

Nos anos cinqüenta a revista O Cruzeiro chegou a ter uma tiragem semanal de 700.000 exemplares, ou seja, 2.800.000 revistas por mês. Verdadeira Rede Globo da época. Numa de suas páginas centrais, ocupando a folha inteira e a cores, figuraram durante anos as piadas do Amigo da Onça, personagem criado pelo cartunista Péricles, que se tornou lendário. Ficou tão popular quanto qualquer celebridade de hoje. Na maioria das casas havia até um bibelô (muito em moda na época), com a figura do Amigo da Onça. Ele disputava com o pinguim o espaço da geladeira. Era quase obrigatório que as barbearias ostentassem, na parede, um cartaz do Amigo da Onça. Esse sucesso todo, a despeito da maciça exposição na mídia, deve-se à pertinência do personagem. O Amigo da Onça revela traços do caráter do brasileiro, e nisso Péricles acertou na veia. Péricles de Albuquerque Maranhão era pernambucano, nascido em 1924. Viveu somente trinta e sete anos, quando cometeu suicídio. Apesar do trágico fim, dizem que Péricles era originalmente engraçado. Meu sogro conviveu com ele , durante o Tiro de Guerra, no Rio de Janeiro, e conta que, de certa feita, pelotão formado, aparece um sargento furioso empunhando uma marmita, e, aos berros, exige a retaliação do larápio surripiador de frango assado. Péricles, peito estufado e cara de cínico, só lambia os beiços para delírio dos pracinhas. Após a morte de Péricles, o personagem Amigo da Onça, ainda viveu muitos anos na revista O Cruzeiro, desenhado por Carlos Estevão (Vide Sessão Clone 1), e outros cartunistas da equipe.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ode á Caricatura

Olha que legal essa poesia de Valério Mendes que foi publicado na revista O Malho, em setembro de 1902. Dá pra perceber que o efeito do humor naquela época era bem maior que os dias atuais. Ainda não havia essa banalização da imagem, tornando seu resultado devastador. Principalmente quando ia de encontro aos anseios da população: És o allivio supremo dos que soffrem, Dos perseguidos e desamparados, Dos que têm fome e sêde de justiça. Salve, Consoladora! Os políticos deviam adorar... Receiam-te os ataques os perversos, E os tyrannos de ti pávidos fogem...Ave, Caricatura! É bom lembrar que na época o termo caricatura era utilizado de forma mais genérica, relativa ao termo humor que empregamos hoje.

I
A chlamyde sombria desvestindo
Com que o bom senso e a sisudez casmurra
Quotidianamente sacrifico,
           Banzeiro e somnolento,
Lepido cinjo o saio auri purpureo
E a leve camiseta de bretanha,
E de rosas e lyrios coroada
A cabeça, que os annos salpimentam,
Venho carmes e lôas offertar-te,
           Caricatura augusta!
II
Nobre filha do Traço e da Risada,
Sobrinha do Sarcasmo e da Ironia,
Prima da Troça e neta do Assobio,
És o allivio supremo dos que soffrem,
Dos perseguidos e desamparados,
Dos que têm fome e sêde de justiça.
Salve, Consoladora!
Ave maravilhosa, hybrida, estranha,
De garras de ouro e bico de diamante,
Receiam-te os ataques os perversos
E os tyrannos de ti pávidos fogem...
           Ave, Caricatura!
III
O que as palavras exprimir não podem,
O que ás pennas e as linguas a lei veda,
Pode o lapis dizel o impunemente,
No papel branco saracoteando...
Reputações que o Tempo, cauteloso,
Morosamente solidificara
Num momento desfazes com dous traços!
Pões verrugas sacrilegas nos santos,
Zarolhos fazes os imperadores.
Nos ministros penduras rabo-levas,
E até do proprio Deus brincas com as barbas!
          Ave, Caricatura!
IV
Mãe das artes, origem do desenho,
Foste irmã da canção nas eras priscas,
No symbolismo egypcio é encontrada,
O fetichismo desmoralisando,
Veneram-te gregos e romanos,
Cicero amou-te, o scurra consularis
E foste de Aristophanes amiga,
O Olympo debochaste, irreverente,
Nos graves deuses dando piparotes,
Em pedra, em bronze, em ouro trabalhaste,
O vingador ridiculo atirando
Por toda parte onde a tolice humana
O gordo papo alcançava.
P’ra gloria tua trabalharam genios
Erasmo e Rabelais, Vinci e Carracio
- O proprio Manoel Angelo serviu-te -
Papyros, telas, marmores lavrando,
Rindo os vicios castigas, e os costumes
Corriges a brincar. Teu nobre peito
Do Juvenal hospeda a alma serena,
És refrigerio e abrigo á desventura,
Odios desarmas, vingas injustiças,
Irreverente, intrepida, indomavel,
Bombas de risoatiras ás targedias,
Da tyrannia, a liberdade humana
Defendendo e salvando......
Eis-me a teus pés, bradando alegremente:
           Ave, Caricatura!


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Dois cartunistas turcos

Sempre que um amigo viaja eu peço de presente um brinquedo artesanal. Esses brinquedinhos feitos pelos artesãos populares. Já temos uma pequena coleção. Recentemente descobri outra coisa que me deixa muito feliz: ganhar histórias em quadrinhos ou então livros com desenhos de humor de outros lugares. Sou enjoado pra presente. Reconheço. Roupa, enfeites...nada me agrada, mas ganhar brinquedos artesanais ou gibis me deixa muito feliz. E pode ser usado mesmo, de Sebo. Foi assim que nossa amiga Mary trouxe da Turquia dois livros de humoristas locais e duas historias em quadrinhos da Capadócia. Um dos livros é Gözüm Görmesin, que pode ser traduzido por A Visão do Olho?! (Não sei, vi no google), mas o livro todo é uma brincadeira com a tarja preta. O humor tem muito a ver com a cultura local e confesso que alguns dos desenhos não entendi. Talvez porque a tarja preta para os turcos não tenha o mesmo valor simbólico que tem para nós, de censura e reprovação. Embora universal, todo desenho de humor tem uma intenção por traz e essa diferença cultural cria certos ruídos na comunicação, atrapalhando um pouco sua compreensão, mas é exatamente por isso que o presente é tão interessante. Esse livro é de Semih Balcioglu, que foi um dos maiores humorista da Turquia. Seu traço é bastante simples e elegante. Outro livro é de Turhan Selçuk e chama-se Hal Ve Gidis Sifir (algo como Zero de Conduta). Nele a situação é a mesma: algumas piadas incompreensíveis e desenhos de traços limpos, simples e precisos. Ambos fazem lembrar muito o trabalho do cartunista Steinberg. Não sei, mas provavelmente os dois tiveram a influencia do artista romeno. Steinberg fez uma verdadeira revolução gráfica nos anos sessenta que contagiou o mundo todo, em grande parte através da Revista New Yorker. A partir daí não tem como ver desenhos de humor, onde o traço e a ausência de texto seja prioridade, sem pensar nele. Abaixo, os três primeiros desenhos são de Turhan Selçuk e os outros três de Semih Balcioglu. Êita nome complicado!

















quarta-feira, 15 de maio de 2013

Humor infantil 1


Três desenhos humorísticos realizado por crianças em diferentes períodos. Dois deles é do Luis Akio Matuoka, que tinha 13 anos quando fez os desenhos. Eles são de 2001. O terceiro é do Arthur Abade, de 8 anos, que acabou de desenhar. Em comum a ingenuidade temática, própria da criança, e o visível talento.

























sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sessão Clone 1


A partir de 1998 começamos a publicar o Boletim Garatuja. Era a oportunidades que tínhamos de divulgar nosso trabalho com mais profundidade. Na época não havia a facilidade do e-mail, facebook e tantos outros meios digitais de troca de informação, restando somente distribuir folhetos ou então publicar matérias nos jornais da cidade. Essas mídias tinham suas limitações, principalmente em relação a quantidade de informação e custo. Foi então que partimos para a produção de nosso próprio Boletim. Os patrocínios locais cobriam as despesas de impressão, mas o resto era totalmente produzidos por mim e a Élsie, sem ganhar nada. Fazíamos o boneco inicial, a venda de espaços publicitários, a realização dos anúncios, matérias, fotos, desenhos, ilustrações, diagramação e distribuição. A única etapa que não fazíamos era a impressão, que sempre foi da Gráfica Redijo, do meu amigo Marcelo Mitt. Não havia data certa para seu lançamento, numa das edições cheguei a colocar: nem mensal, nem semanal, apenas eventual. A partir do número 13 comecei a publicar, na última página, a Sessão Clone (falava-se muito em clonagem na época). Nessa sessão eu pretendia brincar com os humoristas mais conhecidos, copiando-lhes o estilo. Explico melhor: eu pegava uma piada de determinado humorista e recriava essa mesma piada num contexto local. Foi assim que ironizei a matéria publicada num jornal bastante conhecido da cidade que afirmava, categoricamente, existir mais de 500 artistas em Atibaia. Piada!? O primeiro artista clonado foi Carlos Estevão. Segue a matéria e os desenhos. Para visualizar melhor click na imagem. Mais informações: http://www.garatuja.org.br/bole.html

























Texto Sessão Clone do Boletim Garatuja

Rembrandt, Goya, Velázques e tantos outros artistas foram mestres em pintar retratos numa época em que não existia câmara fotográfica. Seus retratos passaram para a história quase sempre de forma idealizada e edificante. Outros artistas optaram por fazer o mesmo trabalho de forma diferente, através da caricatura e do desenho de humor.  Provavelmente sem a pompa dos artistas eruditos, mas sem dúvida são eles, os caricaturistas, que fazem o verdadeiro retrato. Ao contrário dos primeiros, que primam por atenuar os defeitos dos modelo, os caricaturistas procuram justamente exagerar nesses pormenores, aliás, daí o nome caricatura, que deriva do verbo italiano "caricare" (carregar, sobrecarregar, com exagero). Assim como no futebol, o Brasil e a Argentina são respeitados no mundo todo pelo time de humoristas que possui, talvez porque nossa classe política, assim como a de lá, esteja sempre dando uma forcinha. Mas se um político pode fazer muito estrago com uma caneta na mão, o humorista luta com a mesma arma, só que revelando ao povo a bunda nua do rei. A Sessão Clone é uma homenagem aos humoristas, onde a cada edição do Boletim Garatuja um artista será clonado, e se possível com temáticas adaptadas ao nosso torrão. Para começar vem o Carlos Estevão, pernambucano de humor fino, nascido em 1921, que fez muito sucesso nos anos 50 e 60 através da Revista O Cruzeiro, onde publicava semanalmente duas páginas com sátiras de costume, ironizando as fraquezas  humanas e o absurdo da vida. Retratava quase sempre os homens peludos e suarentos e as mulheres gordas e feias. Fez personagens como o Dr Macarra, que tinha sempre uma resposta pronta para  seus fracassos, e séries geniais como: Ser Mulher; Perguntas Inocentes; As duas Faces do Homem e As Aparências Enganam, aqui clonadas. Durante anos desenhou O Amigo da Onça, após o falecimento de Péricles, seu criador. Personagem lendário do humor brasileiro, O Amigo da Onça adapta-se perfeitamente a muitas pessoas que conhecemos ao longo da vida, daí seu eterno sucesso. Mas isso fica pra próxima edição. Carlos Estevão morreu em 1970, com menos de 50 anos.





domingo, 14 de abril de 2013

Crianças fazem novas caricaturas para o Salãozinho.

Arthur R. Abade, de 8 anos, caricaturando o Seu Madruga.
















Lia Tricoli, de 12 anos, caprichando no Pe Lanza.






















Alguns alunos do Garatuja já preparam os trabalhos que serão enviados ao Salãozinho de Humor de Piracicaba deste ano. Em outubro de 2011 o aluno Davi Veroneze ganhou segundo lugar na categoria 11 a 14 anos com duas caricaturas, uma do Tiririca e a outra do cantor Marilyn Manson. Em 2012, já com 15 anos, teve de inscrever os trabalhos para o Salão oficial, disputando espaço com artistas bem mais "rodados" e até profissionais da área. Embora tenha enviado dois belos trabalhos, não foi aceito, mas nesse mesmo ano quem entrou no Salãozinho foi a aluna Lia Tricoli. A Lia satirizou os personagens do seriado Chaves e com as caricaturas Senhor Barriga, Chiquinha e Chaves ganhou terceiro lugar na categoria 7 a 10 anos. Embora voltado as crianças, o Salãozinho já é bastante disputado em função do grande número de trabalhos inscritos, número que aumenta  a cada ano que passa. Nossa intenção, ao enviar trabalhos ao Salãozinho, não é ganhar prêmios (embora fiquemos muito contentes por isso), mas de incentivar os alunos a descobrir diferentes linguagens e formas de expressão, além de conhecer o que de melhor se produz na área. Nos dois anos em que o Garatuja participou do Salãozinho, as crianças e seus familiares estiveram presentes na exposição e puderam acompanhar também o trabalho feito pelos "adultos" do Salão oficial. Depois desse contato sentimos um visível interesse por parte deles em tudo que envolve o desenho de humor. Nossa didática de trabalho, adquiridos nos trinta anos de atividades consecutivas no ensino da arte para crianças, engloba sempre uma reflexão da criança antes de botar as "mãos na massa". Essa reflexão vem de longas conversas que surgem quando apresentamos trabalhos realizados pelos maiores artistas da área, através de livros e da própria internet, que, diga-se de passagem, facilitou muito esse processo. O que "cobro" bastante é em relação ao acabamento e elaboração do trabalho, recorrendo para isso de minha longa "quilometragem" na área, ficando atendo aos limites e possibilidades de cada aluno. Quanto ao resto é sempre com a própria criança. Criatividade é com eles e nesse quesito, nós adultos, devemos calar, observar e ver se aprendemos alguma coisa !!!

Abaixo o Atthur dá uma aula...Como fazer uma caricatura!



segunda-feira, 1 de abril de 2013

Caneta Bic 1

Charles Chaplin em caneta Bic, de Márcio Zago







































Em qualquer atividade, tempo e elaboração, são fundamentais para o aprimoramento. Sempre fiz caricatura de forma esporádica, como treino mesmo, portanto nunca me senti confortável em torná-las públicas. Acho que falta "dormir em cima", decantar e apurar a linguagem. Considero minhas caricaturas exercícios gráficos sem qualquer outra pretensão, mas isso não impede que, vez ou outra, arrisque alguma coisa. Foi assim que em 2004 tomei coragem e enviei um trabalho para Zemun International Salon of Caricature, na Sérvia. Zumun é mundialmente conhecida por seus caricaturistas. Por lá nasceram, ou viveram, os maiores desenhistas de humor da Iugoslávia. Esse Salão existe desde 1996, e se tornou bastante conceituado no meio, mantendo viva a "escola Zemun de humor" através de publicações de livros, organização de exposições e publicação da única revista especializada em humor da Iugoslávia, a Kart, que teve 39 edições até parar em 2004. No ano em que enviei meu trabalho o tema era teatro e cinema. Como havia caricaturado o Charles Chaplin alguns anos antes, resolvi enviá-lo ao Salão. Ele foi aceito e tempos depois recebi em casa um lindo catálogo com os trabalhos selecionados, com direito a foto do artista e tudo...pena ser numa língua que não dá pra entender nada do que está escrito. Entre os brasileiros havia feras como Amorim, Gilmar, Spacca e outros, além de artistas do mundo todo. O desenho foi integrado ao acervo do Salão e mais tarde os organizadores irão compor um museu na cidade. Aqui a versão em caneta bic.